26 de dez. de 2014

para ler: Por Quem Os Sinos Dobram

Um dos meus desejos literários desse ano era ler Hemingway. No primeiro semestre finalmente encontrei Paris É Uma Festa e, depois de umas vinte páginas, já não aguentava mais a leitura. Mês passado resolvi dar uma nova chance ao Sir Ernest e comprei Por Quem Os Sinos Dobram (num camelô por cinco dilmas!). Acabei percebendo que meu problema não era com Hemingway, mas sim com seu livro de memórias levando em consideração que me dei muito melhor com seu romance.


Por Quem Os Sinos Dobram vem contar a história de Robert Jordan, um americano em plena Guerra Civil Espanhola, uma batalha pré-Segunda Guerra que colocou facistas e republicanos (e também anti-facistas) em guerra. Acaba que esse americano, que nos EUA trabalhava como professor de espanhol, é enviado às montanhas de um povoado na Espanha para explodir uma ponte a fim de dificultar a atuação para os facistas na região. A partir de sua chegada ele é acompanhado pelo velho Anselmo que já estava acostumado a receber estrangeiros das brigadas internecionais. O último que lá esteve, de conhecimento de Jordan, teve a função de explodir um trem. No povoado a que Robert é encaminhado o acontecimento é comentado por todos, cada um tem sua história sobre o fato, que marcou a vida de cada um lá apesar de ter sido só mais uma pequena missão no meio de toda aquela guerra.

E é esse o caso com Maria, uma garota que veio parar na região por estar dentro do trem na explosão. Maria, que sofreu com a ocupação facista no local onde morava, fora abrigada por Pilar, Pablo e seus homens numa caverna a qual viviam na região depois de ser resgatada ferida do trem. É nessa caverna que Jordan deverá passar seus três dias antes de completar sua missão. Nessa estadia ele conhece bem as facetas de cada personagem que lá habita e que serão cruciais para a resolução de sua missão. Nesse meio tempo, à primeira vista, Robert sente-se atraído por Maria, tal atração complementa o quadro da Guerra Civil, dando uma faceta mais romântica à narrativa.

Uma das referências de Hemingway na escrita de um romance que fosse fiel à realidade da guerra foi o fato de que o escritor vivênciou e participou como voluntário da Guerra Civil Espanhola ao lado dos republicanos. Um fato muito forte em sua narrativa é mostrar a faceta de cada personagem e seu passado com a Guerra e o governo facista. Em meio à guerra cada um tem sua reação, mostrando como as pessoas podem ir à loucura e voltar à normalidade naturalmente.

Mas o ponto realmente forte do livro é a constante sensação de se estar à beira da morte. Cada personagem por estar no quadro da guerra civil vivencia essa sensação. Como quando Pilar, cheia de superstições, fala sobre sentir o cheiro da morte ou quando Kashkin pede que o matem caso fique ferido ou machucado em clara situação de descontrole em meio a guerra. O assunto faz com que, em suas reflexões e discussões consigo mesmo, Robert reflita sobre viver cada segundo de seu tempo com intensidade. Por essas razões o título do livro vem do poema da John Donne que fala sobre a morte de cada indivíduo e seu efeito na Terra:

“Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar dos teus amigos ou o teu próprio; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”

A narrativa pode ficar meio arrastada no meio do livro mas não é motivo para largar a leitura. O final do livro ganha bastante ação e os planos da guerra e romance se cruzam. Não me apaixonei muito pelos personagens, mas acho que isso se deve ao fato de nem todos serem estáveis, como Pablo, tornando seu entendimento mais complicado. É uma leitura que recomendo e com certeza lerei outro livro do Hemingway, como Adeus às Armas, que também tem a guerra como cenário. 

Já leram algum livro do Hemingway? O que acharam? Beijos,
Giovanna

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